Autora: Maria Carolina Schlittler
O “Salesianos” é uma organização não governamental, com bases na pedagogia católica-cristã de Dom Bosco, localizada na cidade de São Carlos (Estado de São Paulo) e que, entre outros projetos voltados a população das periferias da cidade, executa as medidas socioeducativas em meio aberto aos adolescentes em conflito com a lei da cidade. Nesta dissertação, discorro sobre alguns temas vistos na etnografia que realizei no “Salesianos, onde procurei entender os significados e as relativizações constituídas por meus interlocutores para a experiência do “crime” e do “estar de medida”. Durante o trabalho de campo percebi que os adolescentes interagem com as criminalidades (e com seus atores) de modo flexível e circunstancial, pois é parte constituinte dessa interação o movimento de entrada (s) e saída (s) deles no que eles chamam de “vida do crime”. Dessa forma, foco o “olhar etnográfico” de minha pesquisa nas redes de relações que estes jovens estabelecem com dois grupos de sujeitos que singularizam experiências: a) com a instituição que protagoniza o atendimento aos “adolescentes em conflito com a lei” e b) com os sujeitos que circulam pela chamada “vida no crime”; porque acredito que o caráter flexível e circunstancial dessas relações evidencia a maneira como meus interlocutores se constroem socialmente, tendo em vista a experiência ‘do crime’ e do frequentar medidas socioeducativas. O trânsito deste atores dentro de tais redes de relações é, portanto, a forma que encontrei para compreender o ponto de vista de meus interlocutores no que se refere à prática de ‘crimes’ e ao fato de terem que frequentar obrigatoriamente (conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente) as medidas socioeducativas.