Autor(a) :Helton Luiz Gonçalves Damas
Status : Concluído/Doutorado
Resumo :
O objetivo principal deste estudo foi compreender o regime contemporâneo de subjetivação nas favelas do Rio de Janeiro, a partir da análise dos processos que envolvem a pacificação desses territórios e o surgimento de novas formas de mercado, tendo como corte empírico , a “favela turística” e a “Autogestão”. O projeto de pacificação representou uma possibilidade de gestão política e econômica de certos territórios escolhidos de acordo com os objetivos estratégicos definidos pelo aparato de poder. Controle, vigilância militarizada e a consequente domesticação dos corpos não podem ser consideradas as únicas formas pelas quais o poder investiu, pois a pacificação também buscou estruturar um campo de ação em que o próprio favelado era sujeito ativo de sua própria transformação pelo empreendedorismo . Nesse sentido, o estudo buscou compreender o processo de subjetivação dos moradores de favela como algo situado no meio de um complexo de aparatos, práticas, maquinações e composições em que foram constituídos e que pressupõe a implicação de relações particulares consigo mesmas, a pesquisa analisou como as interseções entre um conjunto de dispositivos que propiciaram uma articulação estratégica dos modos de condução dos outros com as formas de autogoverno. Para elaboração do estudo, as seguintes áreas da UPP foram tomadas como objeto de análise: Favela Santa Marta, Favela Pavão-Pavãozinho, Ladeira dos Tabajaras / Morro dos Cabritos e Complexo do Alemão. A metodologia utilizada para os propósitos da tese pôde ser realizada consistindo na elaboração de um estudo baseado na análise qualitativa, obtenção de dados por meio de observações diretas e entrevistas semiestruturadas. Como resultado, foi possível observar que a expansão da lógica neoliberal nas favelas pacificadas, por um lado, configurou o empreendedorismo como uma possibilidade para os favelados encontrarem seu “lugar ao sol” e nos demais processos intensificados a individualização do destino e do sujeito pobre, assim como o esvaziamento da esfera pública e dos projetos coletivos.