Autoras: Isabela Araujo, Ludmila Ribeiro.
A proposta deste artigo é compreender como agentes prisionais femininas e masculinas percebiam o medo e a violência como de seu trabalho e, em que medida, esses sentimentos transbordavam para as suas rotinas fora do cárcere. Para tanto, foram analisados dados (qualitativos e quantitativos) coletados junto a profissionais que atuavam em Minas Gerais entre 2014 e 2018. Os resultados indicam que, no cotidiano do trabalho, homens e mulheres sentem medo igualmente, mas ao saírem da prisão, os homens se sentem mais ameaçados que as mulheres. No ambiente de trabalho, os homens temem, em maior medida do que as mulheres, serem atingidos por arma de fogo ou arma branca, bem como de sofrer agressão física ou violência psicológica. Em parte, isso acontece porque eles são mais propensos à vitimização por agressão, violência física e suborno no cotidiano de trabalho do que elas. Fora do ambiente de trabalho, apesar do maior medo deles, homens e mulheres adotam igualmente estratégias de proteção de sua identidade de agente prisional, tanto para evitar acertos de contas como para esconder uma profissão que ainda é vista como desacreditada.